quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A reforma política que esta em nosso alcance é o Orçamento Participativo Nacional

 

O Partido dos Trabalhadores chega aos seus 30 anos com vigor. Desde os idos de 1980, muita política foi elaborada pelo PT e muitas dessas foram implementadas pelo PT. Em 30 anos ajudamos a fundar os principais movimentos sociais do país, como a CUT e o MST, organizamos lutas e movimentos, que é o dever de um partido. Além disso, implementamos políticas públicas através de governos e apresentamos políticas públicas através dos nosso mandatos. Sobrevivemos a ofensiva neo-liberal, perdemos nossos pruridos e hoje somos o principal partido da coalizão feita para governar o Brasil.

Optamos em organizar a luta democrática no Brasil, como forma de avançar nas condições objetivas para a superação desta fase do capitalismo. Hoje, apostamos em especial nas eleições como forma de disputar a hegemonia na sociedade. No entanto, por vezes, nos confundimos nesta luta esquecendo que este espaço de luta não é o único e que continua sendo uma disputa no campo da burguesia, da democracia representativa indireta libera-burguesa, com sérios limites na atuação dos socialistas.

Outrossim a esquerda, através dos movimentos sociais confunde muitas vezes, governo e poder, e acaba por renegar ao partido, numa visão autonomista, quase individualista que acaba por perder o acúmulo de forças, outros, perdem-se na visão esquerdista que também não acumula forças e acaba por enfraquecer a luta mais geral da esquerda, que é a ruptura com o modelo de desenvolvimento capitalista.

Já o PT, por sua vez, acaba confundindo a função de partido e de governo, muitas vezes sendo um mero apêndice do governo.

Contudo, iniciamos um novo governo de coalizão, desta vez, com a primeira mulher presidenta da República, a companheira Dilma, e mais um vez o PT faz suas avaliações, rabisca seus erros e aponta as prioridades estratégicas para o período.

Neste contexto novamente vem à baila a discussão da reforma política, que é o debate central do descrédito da população na política e que faz tanto estrago na opinião pública, à exemplo dos debates da ampliação ou não dos parlamentares nas câmaras municipais.

Primeiramente, há o que se falar das conseqüências que o modelo nefasto da democracia burguesa, liberal representativa que apostamos disputar traz a um Estado Democrático de Direito. Basta analisar os efeitos da corrupção, da perpetuação da oligarquia brasileira como “representantes do povo”, da influência do poder econômico nas eleições, a crise de representação-representado, do financiamento privado de campanhas com os seus devido interesses, do personalismo, do foco das campanhas pessoais em detrimento dos programas partidários, da sujeição aos meios de comunicação, a sub-representação das mulheres no legislativo, as alianças (sic) expúrias, o pragmatismo, enfim os diversos problemas que o atual sistema eleitoral não dá conta. Esses problemas atingem o Estado Democrático de Direito, que finge sua legitmidade no discurso jurídico político da tripartição dos poderes: legislativo, judiciário e executivo.

Portanto a discussão é extremamente complexa e radical, e apenas uma reforma eleitoral não dará conta de um novo modelo que vise uma reforma política no sentido mais amplo. No entanto, é necessário contextualiza e avaliar os possíveis avanços que podemos ter, haja vista, que são os parlamentares atuais que podem colocar essa pauta para o debate, já que ao que parece os movimentos sociais progressistas não tem como prioridade este debate, a não ser movimentos conservadores, que confundem a população, fazendo uma campanha contra a política, pelo Estado míninimo, sem a intervenção do poder público etc..., infelizmente alguns companheiros tombam nessa arapuca da direita.

Debater uma reforma política na atualidade é discutir o projeto de lei da reforma política que já tramita no congresso. Proposta que avança, principalmente no financiamento público de campanha e no voto em lista, que acabaria por qualificar a disputa eleitoral, brecando aos poucos os financiamentos privados, principalmente das empresas que logram ter êxitos em apoiar “seus” candidatos para mais adiante, depois de eleitos, terem a recompensa usurpando-se dos Estado Brasileiro como sempre o fizeram, e com o voto em lista, seja ele aberto, misto ou fechado que colocaria na centralidade do debate: a política fortalecendo os partidos políticos, fundamentais para a democracia.

Contudo, ainda este debate não dá conta das mazelas que o atual modelo de democracia brasileira esta incutido. O grande desafio, e, portanto tarefa da esquerda é ampliar este debate. Discutir conceitos e diferenciar-se da direita, que concebe a democracia liberal representativa como o conceito único de democracia. Nós da esquerda, temos acúmulo neste sentido, concebemos a democracia como um processo inacabado e dialético. Não somos deterministas e acreditamos na superação deste modelo de desenvolvimento capitalista que está aliado ao modelo de democracia existente no país.

E mais, nosso acúmulo, as condições atuais e a quadra histórica que se apresenta, é favorável a um passo importante na reforma política além das mudanças no sistema eleitoral. Dirigimos o poder executivo nacional, em que pese a “coalizão” de centro esquerda nos embretar, e também o governo do Estado do RS,  retomamos o desenvolvimento do país; e os governos Lula e Dilma, nos dão a legitimidade e a condição histórica de avançarmos em questões ideológicas fundamentais para o nosso projeto hegemônico. Nesse diapasão, o Partidos dos Trabalhadores tem uma função fundamental: a inserção soberana do partido em disputar a implementação do nosso programa histórico no governo Dilma.

Dito isso, é hora de avançar, e neste ínterim o avanço ideológico é perfeitamente realizável pela conjuntura que se apresenta, e pelas experiências e acúmulos que o PT tem extraído de governos anteriores.

Por isso a reforma política realizável é além da luta pela aprovação de um sistema eleitoral mais condizente com uma democracia representativa que de fato legitime essa relação representante-representado; que  garanta uma participação mais equânime e que busque frear a corrupção; que garanta o debate programático das campanhas fortalecendo os partidos, mas que podemos ir mais além.

                             Lutar pela reforma política é avançar na concepção de democracia, é empoderar a sociedade, é dividir com a população a responsabilidade do desenvolvimento do país, é democratizar a democracia. Digo tudo isso, para sintetizar que além da reforma eleitoral, o PT deve colocar na pauta da reforma política uma das políticas públicas de maior avanço ideológico já executado pelo PT, quando na direção de um Estado burguês com limitações burguesas, ou seja, o Orçamento Participativo que aqui no Estado esta voltando a fazer parte da cultura dos gaúchos e gaúchas.

                             As experiências que o PT vem acumulando no exercício dos governos municipais e estaduais em todo país dão guarida a luta pelo OP nacional. A política que defendemos inclui as pessoas como cidadãos protagonistas da sua própria história. Por mais que correntes do PT pelo seu adesismo não façam mais este debate interno, mas que tiveram no passado contribuições históricas quanto à democracia participativa, nós da esquerda do PT devemos recolocar este debate como prioridade, e como a contribuição do poder executivo a reforma política.


Marcelo Goiaba
Executiva do PT Caxias do Sul/RS

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Capitalismo mata


Se o capital puder dispensar milhares de trabalhadores e deixá-los na sarjeta, fará isso sem nenhum problema

 Vito Giannotti

 A base do sistema capitalista é uma só: a exploração máxima dos trabalhadores e da natureza visando unicamente o lucro, ou seja, a multiplicação do capital nas mãos dos donos das empresas. O resto é conversa mole. Se o capital puder dispensar milhares de trabalhadores e deixá-los na sarjeta, fará isso sem nenhum problema. Uma empresa capitalista não é uma entidade filantrópica. Não tem nenhum objetivo social, humano, humanitário. Se puder acelerar o ritmo de trabalho até o extremo ela vai fazer. Quem morrer que morra. Há sempre milhões à espera de uma vaga.

Enquanto isso, iludidos ou enganadores falam de “responsabilidade social” das empresas. Outros fazem poesia com a tal “responsabilidade ambiental”. Balelas. Para qualquer capitalista não entra na contabilidade a saúde, a vida dos trabalhadores dentro ou fora da empresa.

A pesquisa da Confederação dos Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA), junto com a UFRGS vem comprovar isso. Você sabia que em frigoríficos de cortar frangos, os trabalhadores têm que fazer até 90 cortes por minuto?

Vejam alguns dados da pesquisa.

A “vida útil” dos escravos que viviam na época de Zumbi dos Palmares (1655-1695) e trabalhavam nas lavouras de cana era de 20 anos. Hoje, os trabalhadores dos frigoríficos do Rio Grande do Sul têm uma “vida útil” em média é de apenas mais cinco anos.

O estudo mostra que 77,5% dos trabalhadores da indústria da carne sofrem de alguma doença relacionada ao trabalho. 96% precisam tomar medicação para suportar a dor. Mais: 99,5% dos 640 trabalhadores entrevistados dos frigoríficos de Capão do Leão, Bagé, São Gabriel e Alegrete são empregados de um mesmo grupo: o Marfrig, que se orgulha de ter 151 unidades espalhadas por 22 países.

É grande, sim, é verdade. Mas tão preocupado com a saúde e o bem estar de seus empregados, quanto os donos de escravos de séculos atrás. Prova disso é que 78% dos seus trabalhadores admitem sofrer dores constantes no corpo, principalmente nos ombros, braços, costas, pescoços e pulsos, causadas pelo esforço repetido feito por horas e horas, sem qualquer interrupção e em condições insalubres de frio externo e umidade intensa.

Os principais efeitos disso se revelam fora do ambiente de trabalho, quando as mãos ficam dormentes, os braços tremem e a dor aparece ao se fazer coisas simples como abotoar a camisa ou escovar os dentes. A pesquisa revelou que ao final de um dia de trabalho 43,9% sentem um “cansaço insuportável” que afeta o sono, causa depressão e prejudica a convivência familiar.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

CARTA A PORTO ALEGRE

 
 
Porto Alegre enche de orgulho quem aqui nasceu, ou a escolheu para morar, e encanta os visitantes. Sua beleza natural, o charme de suas ruas e esquinas tradicionais, a alegria e a inteligência de sua gente compõem as cores de uma cidade multifacetada pela diversidade. A capital dos gaúchos teve um quê de vanguarda, protagonizou momentos importantes da história brasileira com muitas contribuições à democracia e à cidadania deste país. A edição do Fórum Social Mundial, em Porto alegre, é um exemplo emblemático da importância da nossa gestão na cidade para o mundo. Infelizmente, seus avanços foram paralisados pela inércia das últimas gestões.

Com a participação da população e da Frente Popular, o PT de Porto Alegre teve a honra de ajudar a escrever algumas páginas da trajetória de nossa querida cidade. O PT acumulou, nos 16 anos em que esteve à frente do Paço Municipal, ricas e variadas experiências de gestão e planejamento participativo, além de apostar no controle social sobre o Estado. Num processo de co-gestão da cidade através do Orçamento Participativo, conselhos, movimentos sociais e quatro congressos da cidade foram construídos resultados importantes na melhoria da qualidade de vida e cidadania.

Tivemos a ousadia de inverter prioridades e de formular políticas públicas capazes de enfrentar grandes temas, como a necessidade de reforma urbana à sustentabilidade ambiental, do crescimento econômico às soluções em mobilidade. Tudo isto com a firme decisão de enfrentar o passivo social existente, combatendo de forma corajosa as desigualdades, promovendo a justiça fiscal, o saneamento ambiental, a infraestrutura, a saúde, a educação e a cultura. Fizemos nossas gestões perseguindo o sentido de que só vale a pena governar se for para transformar.

Neste momento, estamos trabalhando para fazer dar certo nossos governos Dilma e Tarso, além de acompanhar e construir as pautas dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil que justamente perseguem uma vida digna e plena de direitos. No entanto, o debate eleitoral de 2012 tem sido antecipado. Na imprensa, existem cogitações sobre a posição do PT no próximo ano, quase sempre sem ouvir o ator principal das especulações: o próprio PT, querendo decidir por nós. Por isso, reiteramos que não abriremos mão do nosso protagonismo nas eleições 2012. Através desta carta à cidade, afirmamos que nossa preocupação inicial é com a cidade, sua perspectiva de futuro, com a falta de desenvolvimento da nossa capital e com os problemas que só se agravam.

O governo municipal, desde abril do ano passado dirigido por Fortunati, não só manteve a mesma composição dos partidos de centro e direita e personalidades conservadoras do período Fogaça, como optou pela continuidade de toda a herança das crises na saúde, burocratização e clientelismo do OP, sucateamento da máquina pública e descaso com os servidores públicos, serviços prestados e abandono da cidade.

Queremos retomar na cidade um ambiente com desenvolvimento econômico e social ambientalmente sustentável e de democracia participativa e popular. Conceitos esses, que estiveram expressos e foram vitoriosos em lutas recentes ocorridas na cidade, que combinaram a luta por direito à moradia digna com a preservação da natureza.

O PT e as organizações sindicais, comunitárias, populares e ambientalistas devem trabalhar na constituição de um forte movimento em busca de uma reforma urbana adequada às características de nossa cidade, especialmente prevendo a adequação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA) ao Estatuto da Cidade, e a regularização fundiária, com as demandas dos setores médios pela qualidade ambiental e cultural. Com esta aliança entre o movimento popular e os setores médios é que poderemos recolocar Porto Alegre no patamar de referência internacional de políticas públicas.

A vitória do PT em Porto Alegre passa por um amplo debate com a militância partidária e com a população na construção de um programa de governo democrático e popular, buscando a constituição de uma política de alianças no campo popular e com os movimentos sociais. Este é um convite às organizações sociais para tratar de alternativas ao desenvolvimento da cidade, que privilegiem as dimensões social e ambiental, além de encontrar caminhos para enfrentar o colapso da mobilidade (vias estruturais e transporte coletivo), recuperar a qualidade dos serviços públicos e das políticas de saúde, educação, segurança, cultura e infraestrutura urbana.

Portanto, a representação política e social do PT leva a afirmação legítima do seu protagonismo nas eleições 2012. A democracia que queremos não se encerra nas eleições, mas vai além, com processos de participação popular, oportunizando o encontro de opiniões, ideias, sonhos de uma vida melhor. E é por aí que começamos o debate com a sociedade. Vamos a ele!

Partido dos Trabalhadores de Porto Alegre – Julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

De coragem e esperança.




Parafraseando Lenin me justifico por não ter escrito antes sobre o que ocorreu na nossa universidade."É mais agradável e útil viver a revolução do que escrever sobre ela."


Mesmo assim, compartilho um breve e humilde relato dos nossos dias frios e intensos de junho de 2011 na PUC-RS.


O clima de tensão era óbvio. Eramos cerca de trinta estudantes mobilizados ou por compor as chapas que concorreriam às eleições do CONUNE ou porque participávamos de um coletivo de estudantes por democracia que reunia semanalmente no 5º andar do prédio das Humanas. Gente de vários cursos e de distintas experiências de militância, havíamos nos encontrado por já não ser possível suportar a obcenidade que rolava no nosso DCE. Foram quase 25 anos de uma mentira repetida na qual ninguém acreditava. E que se mantinha, literalmente, à força. Os caras não realizama eleições, nunca prestavam contas, passavam os dias jogando playstation na sede e com o nosso dinheiro cheiravam pó e tod@s sabíamos. O estopim foram as tais eleições das delegadas e dos delegados pro Congresso da uNe, o que era um fiapo do novelo. A oposição ao DCE tinha 3 chapas com 52 membros cada, tal qual exigia o DCE. Mas nenhuma das três foram homologadas e nenhum motivo razoável, até hoje, fora apresentado.


As agressões físicas se iniciaram no dia em que fomos pedir satisfações oficiais quanto à não homologação das chapas. Cerca de três homens nos agrediram com força, me jogando covardemente pro chão e empurrando com violência uma colega da psico. A "justificativa" da violência era a de que o DCE iria fechar e que não podíamos entrar. Nessa noite fizemos uma plenária e votamos por não acampar em frente ao DCE. Mesmo assim algumas pessoas acamparam e outras se reuniram numa comunidade de resistência, pra discutir sobre os próximos passos da nossa luta por democracia e contra a violência na PUCRS.


No dia seguinte fomos mais de 700 estudantes em frente ao DCE gritando por justiça. Vários e várias tomamos spray de pimenta e, além das agressões, fomos citados em diversos processos de autoria da gestão DCE e da própria PUCRS. O lema da noite do 10 de junho foi 'uma noite pela democracia', e assim acampamos entre cerca de 50 estudantes em frente o nosso DCE, num frio absurdo, vale dizer.


Nos dias seguintes fizemos diversas marchas pela universidade, e crescíamos a cada prédio em que passávamos. Havia ali uma forte consciência coletiva de que juntos éramos capazes de tudo, inclusive de derrubar a velha máfia que esfarrapava a democracia com a tranquila conviência da reitoria. Recordo do brilho nos olhos de diversos colegas meus, do Direito, ao se somarem na marcha da democracia. Dos abraços apertados que ganhávamos daquelas e daqueles que suspeitavam que uma das maiores vitórias era a mobilização em si, que assombrava os supostos donos do poder e que encharcava de esperança os estudantes que, naquele momento, assim como ainda hoje, detinham de fato todo o poder, porque estávamos juntos.

No domingo do dia das namoradas e dos namorados, dia de jogo do inter e dia de frio intenso, reunimos cerca de 70 estudantes pra planejar, nos organizarmos, dividirmos tarefas e criar. E foi na noite do 13 de junho que, entre uns 200, decidimos acabar com a eleição pro CONUNE que o DCE estava realizando, numa sala pequena e escondida do prédio da educação. Entre quatro pessoas, três mulheres e um homem, das 15 que não foram barradas pela segurança, terminamos com a palhaçada. Uma menina do Serviço social sentou sobre a urna e os brutamontes apagaram as luzes para espancá-la. A agrediram sexualmente. E eu, que segurava a porta pra que não fechassem, me atirei sobre a menina e apanhamos juntas. Aquilo durou vários minutos. Quem já sentiu na própria pele a ira do inimigo sabe que o tempo custa a passar. E pior que os ponta-pés e o socos foram as ofensas que escutamos, as ameaças. Enfim, conseguimos lhes tirar a urna, que simbolizava a mentira que marcam as gerações do DCE. E a esvaziamos comprovando que haviam ali menos de 10 votos e nenhuma legitimidade. Eles eram uns 10 machões. Nós, duas meninas dentro da sala, uns 15 estudantes gritando fora dela, uns 250 do lado de fora do prédio e um cinegrafista amador muito perspicáz, um colega da história, que fez com que essas imagens fossem vistas por mais de 60 mil pessoas de todos o mundo.

E no dia seguinte tivemos nossa maior marcha. Acredito que chegamos a 1500 estudantes gritando pelo fim da impunidade, pelo fim da violência contra a mulher, pela democracia na PUCRS. Participamos de um programa de debates da mídia burguesa local contra os caras do DCE. Pena que o debate fora mediado pelo Lasier Martins, renomado jornalista filiado ao mesmo partido da máfia, o PDT. Mesmo assim fomos ganhando espaços na mídia local e apoios fortes de agentes da política identificados com a esquerda e com a nossa luta.

Conquistamos, depois de várias reuniões de negociação com a reitoria, mediadas pela esquerda da câmara de vereadores, pressão pela realização de eleições livres pro DCE até a segunda quinzena de novembro desse ano, com intervenção do TRE. Caso não aconteçam, o DCE deixará de ser reconhecido pela reitoria e perderá a sede e o recurso que lhe passam mensalmente. A ministra dos direitos humanos, Maria do Rosário, além de receber alguns estudantes envolvidos, marcou uma audiência com o reitor pra tratar dos temas das violências e da não democracia na universidade. O secretário dos direitos humanos do estado, Fabiano Pereira, bem como a secretária de mulheres do estado, Márcia Santana, nos receberam e nos deram muito apoio. As vereadoras Sofia Cavedon, Fernanda Melchionna e o Todeschini estiveram presentes em muitas noites e em diversas reuniões, fazendo muita diferença.

Somos hoje um grupo grande, capaz de mobilizar muita gente. E posso dizer que tivemos dois grandes aprendizados nesse momento histórico. Um deles é a relevância da unidade. Se tivéssemos nos pautado pelas diferenças políticas não teríamos conquistado nada. O outro, e, sem dúvida o maior, que remete ao primeiro, é a compreensão de que é possível vencer se acreditarmos e se estivermos junt@s. A Esperança e a superação da divisão são pressupostos para avançar. Como já disse um dia, repito agora com mais força, se trata de ir com quem vai no mesmo e de acreditar que é possível mudar.
http://acoragemdedizer.blogspot.com/

quarta-feira, 15 de junho de 2011

1º Encontro Estadual da Juventude Trabalhadora da CUT-RS


18 e 19 de Junho de 2011, no Convento dos Capuchinhos (Rua Paulino Chaves, 291 - Próximo à Igreja Santo Antônio do Partenom, Porto Alegre)

Programação:

18/06

8h  - Recepção com café da manhã aos participantes

9h - Abertura do encontro e breve apresentação das delegações

9h 30min - Debate sobre conjuntura, com Milton Viário (ex-presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS e, atualmente, Assessor Superior do Governador) e Eliane de Moura (Movimento dos Trabalhadores Desempregados)

10h 15min - Momento para debate em grupos

12h 30min - Almoço

13h 30min - Debate: "Os problemas e os desafios da juventude trabalhadora - a estratégia da CUT e dos Movimentos Sociais", com Léa Marques (Representante da CUT Nacional), Daniela Celuppi (Coletivo de Juventude da Fetraf/Sul), Anderson (Levante da Juventude), além de representações de outros movimentos sociais.

14h 30min - Trabalho em grupos

16h - Intervalo para o lanche

16h 30min - Debate: "Conferência Nacional de Juventude", apresentação, bandeiras de luta e estratégia da Juventude da CUT

18h 45min - Janta

19h 45min - Filme e debate: A 4ª Guerra Mundial

21h - Noite cultural

19/06

8h - Café da Manhã

9h - Apresentação da proposta da Conferência Estadual de Juventude e Conselho de Juventude do RS, com Maurício Piccin (Coordenador de Juventude do Governo do Estado do RS)

9h 45min - Como vamos nos organizar?
- A estratégia de organização da Juventude da CUT;
- Formação do novo Coletivo Estadual de Juventude da CUT-RS.

12h 30min - Almoço

13h - Encerramento

Realização: Secretaria de Juventude e Secretaria de Formação da CUT-RS

terça-feira, 7 de junho de 2011

Eduardo Galeano en la #acampadaBCN PT



Eduardo Galeano manda a sua mensagem aos manifestantes da Praça Catalunya, em Barcelona, e a todos entusiastas de um novo mundo possível, que está sendo gestado na barriga deste mundo que temos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Apresentação do Plano Brasil Sem Miséria



A presidenta Dilma Roussef lançou ontem (02/06), em Brasília, o programa Brasil Sem Miséria, que pretende destinar mais de R$ 80 bi em programas de erradicação da pobreza extrema no Brasil.
São cerca de 16,2 milhões de pessoas que vivem com menos de R$ 70 reais por mês, e que carecem de políticas públicas para conquistarem o direito de viver dignamente. Neste sentido, o governo dá uma demonstração positiva de que está preocupado com este problema que afeta o nosso país há séculos, e que até o momento nenhum governante havia encarado com a devida seriedade.
Resta-nos torcer para que o programa dê certo e que atinja seus objetivos, quem ganha é o povo brasileiro como um todo.

Chile: estudantes protestam contra privatização da educação


Cerca de 30 mil estudantes universitários participaram, quarta-feira, de uma paralisação nacional e de marchas de protesto na capital Santiago e em diversas outras cidades chilenas. Os sindicatos dos servidores públicos, dos professores e reitores das universidades somaram-se aos protestos contra o modelo privatizador do governo Piñera. Em Santiago, os carabineros reprimiram manifestação em frente ao palácio presidencial. Segundo a Unesco, o Chile é a única nação do mundo com uma educação superior quase inteiramente privatizada.

Federações universitárias chilenas realizaram quarta-feira uma paralisação nacional. Milhares de estudantes se manifestaram pelas ruas de Santiago e de outras cidades do país, apoiados por autoridades acadêmicas e professores, contra o modelo privatizador na educação, por uma mudança estrutural no setor e maior acesso ao ensino superior.

Estima-se que ao menos 30 mil universitários participaram das marchas de protesto pelo centro da capital e em cidades como Talca, Valparaíso, Concepción, Temuco, La Serena, Coquimbo, Valdivia e Puerto Montt, em mobilizações onde só se registraram alguns incidentes isolados. As autoridades policiais informaram que algumas pessoas foram detidas, sem precisar o número.

Em Santiago, a marcha foi realizada pacificamente e, somente no final, houve distúrbios em frente ao Ministério da Educação, a uma quadra do palácio presidencial de La Moneda, quando um grupo de jovens encapuzados tentou bloquear o tráfego de veículos em ruas próximas ao local. A polícia militarizada dos Carabineiros interveio com jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo.

O Colégio de Professores e a Associação Nacional de Funcionários Fiscais se somaram à manifestação de protesto, encabeçada pelos dirigentes da Confederação de Estudantes do Chile e pelos reitores da Universidade de Santiago, Manuel Zolezzi, e da Universidade Tecnológica Metropolitana, Luis Pinto. O reitor Zolezzi declarou que as reivindicações que os estudantes levantam agora são coerentes com o que ele vem defendendo há cinco, seis anos. Por isso, disse, “me parece legítimo acompanhá-los já que tomaram as mesmas bandeiras que sustentei por muito tempo, por uma educação pública de qualidade, justa e equitativa”.

Os dirigentes da Universidade do Chile, Camila Vallejos, e da Universidade Católica, Giorgio Jackson, expressaram sua satisfação com a convocatória que atraiu a milhares de manifestantes para exigir o regresso à educação superior ampliando o acesso a jovens de baixa renda e que se estabeleçam limitações às universidades privadas para impedir que sejam apenas um negócio.

Vallejo assinalou que “nossas demandas seguem sendo transversais, como foi o 12 de maio – dia de outra grande mobilização nacional -, a população nos apoia, acreditando que é necessário avançar no quê estamos pleiteando porque a educação é um direito e tem que ser garantida como tal, razão pela qual não vamos negociar com essa questão”.

Jackson, dirigente da Federação de Estudantes da Universidade Católica, comemorou a recepção ao chamado pela reforma completa do sistema. “Viemos dizer ao ministro que nós, que viemos para essa luta, não somos os privilegiados de sempre, mas sim que estamos fazendo um movimento amplo”.

Nos últimos anos, os estudantes chilenos têm denunciado a falta de financiamento para as universidades públicas, assim como a escassa regulação nas universidades privadas. Nestas últimas, sustentam, os currículos são deficientes, existe uma alta evasão escolar e a prioridade é somente a rentabilidade econômica.

Os dirigentes universitários têm insistido com as autoridades que o problema tem origem no período da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), quando o regime militar impôs uma drástica redução dos recursos às universidades e promoveu uma ampla privatização do setor.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Ciência, a Educação e a Cultura (Unesco), o Chile é a única nação do mundo com uma educação superior considerada quase inteiramente privatizada, pois é toda paga e os estudantes dos setores mais pobres da população só podem ter acesso a ela por causa dos altos impostos.

As universidades tradicionais que tem a melhor docência e pesquisa no Chile estão há muitos anos esperando um tratamento justo e equitativo das autoridades. Não queremos seguir esperando enquanto se frustram os sonhos e ideais de gerações inteiras de chilenos, declarou o reitor da Universidade do Chile (estatal), Víctor Pérez Vela. “É por isso que estamos exigindo que haja seriedade, transparência e que termine o lobby obscuro que utiliza recursos de todos os chilenos, sem fiscalização alguma, para melhorar o negócio de algumas novas universidades privadas”.

Por outro lado, permanece hospitalizado em coma induzido Luciano
Pitronello Schufenneger, de 22 anos, um jovem supostamente vinculado a um grupo anarquista que perdeu as mãos na explosão de uma bomba que tentava colocar em uma agência bancária, em Vicuña Mackenna, em Santiago.

Enquanto isso, o legisla uruguaio Hugo Rodríguez reconheceu que a análise que realizou das causas da morte de Salvador Allende foi especulativa, porque ele não viu as lesões que o ex-presidente chileno sofreu e só teve acesso ao informe da primeira autópsia. “A única coisa que sustento é que, se o informe da autópsia corresponde à realidade, há duas lesões de armas bem diferentes. Mas isso eu não sei porque não vi as lesões e nem sequer há fotografias”, assinalou.

Rodríguez disse ainda ao diário Las Últimas Noticias que não apontou quantos tiros Allende recebeu e em que circunstâncias. “Disse que, a ser correta a informação exposta, encontramos dois padrões de armas e lesões diferentes”. Essa análise, apresentada em um programa de televisão, provocou mal estar na família de Allende.

Tradução: Katarina Peixoto


Fotos: La Jornada

Tom Zé - Classe Operária

domingo, 1 de maio de 2011

Dia do trabalho ou do trabalhador?


“A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mas também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” – Perseu Abramo
É comum vermos o dia 1º de maio sendo identificado como o “dia do trabalho”. Quem faz isso ou não compreende a origem e o significado desta data ou faz questão de não reconhecer a importância e a centralidade da classe trabalhadora no funcionamento da nossa sociedade.
O dia do trabalhador nasceu em 1889, de uma iniciativa dos trabalhadores organizados na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) de declarar um dia de luta pelas 8 horas diárias de trabalho e em homenagem aos mártires que morreram durante a greve geral de 1º de maio de 1886, em Chicago. Na ocasião, os grevistas de Chicago foram duramente reprimidos pela polícia, tendo os seus principais líderes - sindicalistas anarquistas - condenados à forca.
 Ao longo dos anos, o dia 1º de maio ficou, então, marcado como um dia para homenagear as lutas dos trabalhadores e das trabalhadoras por melhores condições de vida e de trabalho, sendo comemorado no mundo inteiro por sindicatos, associações de trabalhadores, militantes e trabalhadores em geral.
Considerar esta importante data como meramente o “dia do trabalho” é desconsiderar a história de luta que os trabalhadores acumularam ao longo dos anos, é menosprezar o papel dos responsáveis por produzir todos os bens e riquezas que necessitamos no nosso dia a dia, desde o alimento que nos dá energia para viver, até os prédios e casas onde moramos e a energia que movimenta e ilumina nossas cidades, etc. Mais do que isso, desconsiderar o 1º de maio como um dia de luta dos trabalhadores só ajuda a mascarar ainda mais a exploração a que está submetida a classe trabalhadora.
Por mais invisíveis que sejam, os trabalhadores estão por toda parte e são a maioria absoluta da sociedade. Reafirmar o significado verdadeiro do 1º de maio é fortalecer a idéia de que os trabalhadores, por suas próprias forças, são capazes de construírem a sua própria história e destino, o que pode ser muito perigoso e preocupante para quem vive do trabalho alheio e, portanto, prefere manter as coisas da forma que estão.

domingo, 24 de abril de 2011

Ollanta Humala : El Proyecto Nacionalista parte 1


Ollanta Humala, candidato da esquerda, está no segundo turno das eleições para presidente do Peru contra a candidata da direita Keiko Fujimori, conheça um pouco do projeto nacionalista de Ollanta, por justiça social e um governo para o povo peruano.

sábado, 23 de abril de 2011

O factor Deus
Por José Saramago - Nobel da literatura


Algures na Índia. Uma fila de peças de artilharia em posição. Atado à boca de cada uma delas há um homem. No primeiro plano da fotografia um oficial britânico ergue a espada e vai dar ordem de fogo. Não dispomos de imagens do efeito dos disparos mas até a mais obtusa das imaginações poderá "ver" cabeças e troncos dispersos pelo campo de tiro, restos sanguinolentos, vísceras, membros amputados. Os homens eram rebeldes.

Algures em Angola. Dois soldados portugueses levantam pelos braços um negro que talvez não esteja morto, outro soldado empunha um machete e prepara-se para lhe separar a cabeça do corpo. Esta é a primeira fotografia. Na segunda, desta vez há uma segunda fotografia, a cabeça já foi cortada, está espetada num pau, e os soldados riem. O negro era um guerrilheiro.

Algures em Israel. Enquanto alguns soldados israelitas imobilizam um palestino, outro militar parte-lhe à martelada os ossos da mão direita. O palestino tinha atirado pedras.
Estados Unidos da América do Norte, cidade de Nova Iorque. Dois aviões comerciais norte-americanos, sequestrados por terroristas relacionados com o integrismo islâmico, lançam-se contra as torres do World Trade Center e deitam-nas abaixo. Pelo mesmo processo um terceiro avião causa danos enormes no edifício do Pentágono, sede do poder bélico dos States. Os mortos, soterrados nos escombros, reduzidos a migalhas, volatilizados, contam-se por milhares.

As fotografias da Índia, de Angola e de Israel atiram-nos com o horror à cara, as vítimas são mostradas no próprio instante da tortura, da agónica expectativa da morte ignóbil. Em Nova Iorque tudo pareceu irreal a princípio, episódio repetido sem novidade de mais uma catástrofe cinematográfica, realmente empolgante pelo grau de ilusão conseguido pelo engenheiro de efeitos especiais, mas limpo de estertores, de jorros de sangue, de carnes esmagadas, de ossos trilhados, de merda. O horror agachado como um animal imundo, esperou que saíssemos da estupefacção para nos saltar à garganta. O horror disse pela primeira vez "aqui estou" quando aquelas pessoas saltaram para o vazio como se tivessem acabado de escolher uma morte que fosse sua. Agora o horror aparecerá a cada instante ao remover-se uma pedra, um pedaço de parede, numa chapa de alumínio retorcida, e será uma cabeça irreconhecível, um braço, uma perna, um abdómen desfeito, um tórax espalmado. Mas até mesmo isto é repetitivo e monótono, de certo modo já conhecido pelas imagens que nos chegaram daquele Ruanda de um milhão de mortos, daquele Vietname cozido a napalme, daquelas execuções em estádios cheios de gente, daqueles linchamentos e espancamentos daqueles soldados iraquianos sepultados vivos debaixo de toneladas de areia, daquelas bombas atómicas que arrasaram e calcinaram Hiroxima e Nagasaqui, daqueles crematórios nazis a vomitar cinzas, daqueles caminhões a despejar cadáveres como se de lixo se tratasse.

De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta dos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus. Já foi dito que as religiões, todas elas sem excepção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana. Ao menos em sinal de respeito pela vida, deveríamos ter a coragem de proclamar em todas as circunstâncias esta verdade evidente e demonstrável, mas a maioria dos crentes de qualquer religião não só fingem ignorá-lo como se levantam iracundos e intolerantes contra aqueles para quem Deus não é mais que um nome, nada mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como os outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deram a criar. Disse Nietzsche que isto seria permitido se Deus não existisse, e eu respondo que precisamente por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel.

Durante séculos a Inquisição foi, ela também, como hoje os taliban, uma organização terrorista que se dedicou a interpretar perversamente os textos sagrados que deveriam merecer o respeito de quem neles dizia crer, um monstruoso conluio pactuado entre Religião e o Estado contra a liberdade de consciência e contra o mais humano dos direitos, o direito a dizer não, o direito à heresia, o direito a escolher outra coisa, que isso só a palavra heresia significa.

E, contudo, Deus está inocente. Inocente como algo que não existe, que não existiu nem existirá nunca, inocente de haver criado um universo inteiro para colocar nele seres capazes de cometer os maiores crimes para logo virem justificar-se dizendo que são celebrações do seu poder e da sua glória, enquanto os mortos se vão acumulando, estes das torres gémeas de Nova Iorque e todos os outros que, em nome de um Deus tornado assassino pela vontade e pela acção dos homens, cobriram e teimam em cobrir de torpor e sangue as páginas da História.

Os deuses, acho eu, só existem no cérebro humano, prosperam ou definham dentro do mesmo universo que os inventou, mas o "factor Deus", esse está presente na vida como se efectivamente fosse o dono e o senhor dela. Não é um deus, mas o "factor Deus " o que se exibe nas nota de dólar e se mostra nos cartazes que pedem para a América (a dos Estados Unidos e não a outra...) a benção divina. E foi o "factor Deus" em que o deus islâmico se transformou que atirou contra as torres do World Trade Center os aviões da revolta contra os desprezos e da vingança contra as humilhações. Dir-se-á que um deus andou a semear ventos e que outro deus responde agora com tempestades. É possível, é mesmo certo. Mas não foram eles, pobres deuses sem culpa, foi o "factor Deus", esse que é terrivelmente igual em todos os seres humanos onde quer que estejam e seja qual for a religião que professem, esse que tem intoxicado o pensamento e aberto as portas às intolerâncias mais sórdidas, esse que não respeita senão aquilo em que manda crer, esse que depois de presumir ter feito da besta um homem, acabou por fazer do homem uma besta.

Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnância que estas palavras provavelmente lhe inspiram, não peço que passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento se não puder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do "factor Deus". Não faltam ao espírito humano inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se.

José Saramago - Nobel da literatura
(Transcrição do jornal "Público" de 2001/09/18)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mais um absurdo sobre o transporte público em Porto Alegre

O MP do RS descobriu que as empresas de ônibus que atendem Porto Alegre estão sem contratos de licitação desde 1989, ou seja, há mais de 20 anos que os empresários do transporte operam na ilegalidade em plena capital gaúcha. Enquanto isso, quem paga o pato são os trabalhadores e a população portoalegrense, com um serviço de péssima qualidade e tarifas exorbitantes. Até quando teremos que arcar com esse sistema perverso de transporte público que sacrifica os mais pobres em detrimento dos lucros de meia dúzia de empresários???

sexta-feira, 8 de abril de 2011

chico science e nacao zumbi-maracatu atomico



Chico Csience, na minha modesta opinião, foi um dos maiores artistas brasileiros. Precursor do mangue beach, colocou o maracatu e a música pernambucana em evidência.

Muito além de um estilo músical, o mangue beach, com sua batucada envolvente, representa um movimento cultural forte, que brota do seio dos manguezais pernambucanos, de onde muitos trabalhadores tiram seu sustento na coleta do carangueijo.

Chico Science transformou a essa dura realidade do povo brasileiro em uma das mais incríveis manifestações culturais contemporâneas, fica minha homenagem a este grande artista brasileiro que persiste através da sua obra até os dias de hoje.

Chico Science - Maracatu Atômico

Chico Csience, na minha modesta opinião, foi um dos maiores artistas brasileiros. Precursor do mangue beach, colocou o maracatu e a música pernambucana em evidência.
Muito além de um estilo músical, o mangue beach, com sua batucada envolvente, representa um movimento cultural forte, que brota do seio dos manguezais pernambucanos, de onde muitos trabalhadores tiram seu sustento na coleta do carangueijo.
Chico Science transformou a essa dura realidade do povo brasileiro em uma das mais incríveis manifestações culturais contemporâneas, fica minha homenagem a este grande artista brasileiro que persiste através da sua obra até os dias de hoje.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

FÓRUM DA IGUALDADE uma outra comunicação é necessária. Porque não há liberdade sem igualdade.

A coordenação dos Movimentos Sociais do Rio Grande do Sul realizará nos dias 11 e 12 de abril de 2011, no Auditório Dante Barone, o l Fórum da Igualdade, nesta primeira edição  será debatido a DEMOCRATIZAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O MARCO REGULATÓRIO. A idéia central deste l fórum é ser um contraponto ao fórum neo liberal da liberdade . Foram convidados painelistas e debatedores de renome nacional para este evento e vamos ter várias oficinas tratando deste tema.

 

11/Abril (segunda-feira)

TURNO DA MANHÃ: Instalação das redes alternativas de comunicação, exposições (espaço Vestíbulo Nobre/AL);

12h30m‑13h30m: Programação Cultural
13h30m: Mesa de Abertura
Coordenador: Celso Woyciechowski
Autoridades

14h-16h: DEMOCRATIZAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O MARCO REGULATÓRIO
Coordenador: Celso Woyciechowski
Panelistas:
Venício Lima
Leandro Fortes

Debatedores:
Rosane Bertotti
Celso Schroeder

16h‑17h30: A BLOGOSFERA PROGRESSISTA E O AI-5 DA INTERNET
Panelistas:
Marcelo Branco
Maria Frô
Marco Aurélio Weissheimer
Eugenio De Faria Neves

17h30m-21h: ATIVIDADES AUTOGESTIONÁRIAS (Oficinas)

12/ABRIL (terça-feira)

8h‑12h: DEMOCRATIZAÇÃO DA DEMOCRACIA: Existe Liberdade sem Igualdade?
Panelistas:
João Pedro Stédile
Pedrinho Guareschi

Debatedores:
Vito Gianotti
Verena Glass

13h30m‑16h: Painel PAPEL DO ESTADO E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
Painelistas:
Altamiro Borges
Vera Spolidoro
Bia Barbosa

16h: MARCHA DA IGUALDADE E ATO DE ENCERRAMENTO NO GLENIO PERES
Trajeto:
Dinâmica: ato político, leitura da carta de Dacar
Praça da Matriz, Riachuelo, Borges, Largo Glênio Peres

Durante os dias do Fórum teremos no espaço Vestíbulo Nobre, da AL (ante-sala do Auditório Dante Barone) rádios web, exposição fotográfica, humor gráfico....

http://www.forumdaigualdade.org.br/