segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Tirando a máscara de Jose Ivo


Rodrigo Schley
Economista e funcionário da CEEE

O candidato José Ivo Sartori adotou como slogan de campanha o lema “Meu partido é o Rio Grande”, apresentando-se com representante de uma “nova política”. Mas o que significa essa “nova política”? Porque o candidato fez questão de esconder o seu verdadeiro partido, o PMDB? Vamos analisar um pouco o histórico político de Sartori e ver o que se esconde por trás da imagem do “Gringo que faz”.

Sartori foi eleito Deputado Estadual em 1983, cargo que ocupou até 2003. Portanto, o candidato do PMDB participou ativamente das principais decisões políticas do nosso Estado ao longo de 20 anos. Vamos analisar como se posicionou e de que lado estava Sartori durante todo esse período.

Em 1987, Sartori assume como Secretário Estadual do Trabalho e Bem Estar Social do Governo Simon, cargo que ocupou até 1988. Pra quem não se lembra, o Governo Simon foi marcado pela maior greve de servidores públicos da história do nosso Estado. Na época houve atraso no pagamento de salários dos professores e parcelamento dos mesmos, fato que motivou uma greve de 96 dias do magistério em 1987, e sucessivas greves durante todos os anos seguintes do Governo. Todas as greves foram duramente reprimidas pelo Governo do Estado através da Brigada Militar, que se utilizou do seu batalhão de choque, de cães, bombas de gás lacrimogênio e escopetas na relação com os trabalhadores.

Já durante o Governo Antonio Britto (1995 – 1998), Sartori foi Deputado Estadual e braço direito do governador na implantação da “Reforma do Estado” de FHC, ajudando decisivamente a aprovar diversas medidas que posteriormente se mostraram danosas às finanças e ao funcionamento do Estado.

Como deputado e líder da bancada governista, o atual candidato do PMDB ao governo do Estado orientou e votou favoravelmente à privatização de 2/3 da CEEE, da extinção da CRT e da Caixa Econômica Estadual (que à época investia 10% do seu lucro em habitação popular), além de apoiar o maior enxugamento da máquina pública da história do nosso Estado através do Programa de Demissão Voluntária (PDV). Além disso, Sartori também articulou a aprovação na Assembléia Legislativa da renegociação da dívida, que elevou de 6% para 13% o comprometimento da Receita Líquida do Estado com o pagamento da mesma, comprometendo drasticamente a capacidade de investimentos e de funcionamento da máquina pública do Rio Grande do Sul.

Como podemos ver, o candidato Jose Ivo Sartori esteve intimamente envolvido na implantação do projeto do “Estado mínimo” aqui no Rio Grande do Sul, projeto esse que sempre pregou o enxugamento da máquina pública, a privatização de empresas estatais e a austeridade fiscal.

Cabe salientar que esse projeto, aplicado pelos governos do PMDB e do PSDB aqui no Estado, foi interrompido em duas oportunidades. A primeira pelo Governo Olívio Dutra (1999 – 2001), que barrou o processo de privatizações iniciado por Antônio Britto, e a segunda pelo Governo Tarso Genro (2011 – 2014), que retomou os investimentos estatais, criou programas sociais de redistribuição de renda e geração de oportunidades aos mais carentes, fazendo o Rio Grande crescer mais do que o Brasil nesses últimos quatro anos.

Fazendo esse comparativo fica fácil perceber o porquê de Sartori querer esconder seu passado político. O projeto por ele representado, e que agora se apresenta maquiado de “novo” já foi aplicado diversas vezes no nosso Estado, tendo como conseqüências o aumento das desigualdades sociais, o sucateamento da máquina pública e o baixo crescimento econômico. 

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