quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Os sem-terra

Imagem: Sebastião Salgado

Li esse texto há pouco e fiquei louco de vontade de publicá-lo, é de autoria do mestre Eduardo Galeano:

Sebastião Salgado os fotografou, Chico Buarque os cantou, José Saramago os escreveu: cinco milhões de famílias de camponeses sem-terra deambulam, "vagando entre o sonho e o desespero", pelas despovoadas imensidões do Brasil.
Muitos deles se organizaram no Movimento dos Sem-Terra. Desde os acampamentos, improvisados às margens das rodovias, jorra um rio de gente que avança em silêncio, durante a noite, para ocupar os latifúndios vazios. Rebentam o cadeado, abrem a porteira e entram. Às vezes são recebidos a bala por pistoleiros e soldados, os únicos que trabalham nessas terras não trabalhadas.
O Movimento dos Sem-Terra é culpado: além de não respeitar o direito de propriedade dos parasitas, chega ao cúmulo de desrespeitar o dever nacional: os sem-terra cultivam alimentos nas terras que conquistam, embora o Banco Mundial determine que os países do sul não produzam sua própria comida e sejam submissos mendigos do mercado internacional.

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